Novembro de 2015

 

 

O meu reencontro com as leituras de “O monstro do pântano”, de Alan Moore, quase 30 anos depois de quando as fiz pela primeira vez, só demonstram o que já inadvertidamente previa naquela época: sou um incurável romântico. Não por opção, mas por destino e aparência.

O amor que busco é esse. Sou um monstro. Inadaptado, esquisito, feio, não parecendo pertencer a esta espécie, mas com a alma absolutamente humana. Ainda assim, entre idas e vindas, surge Abby. Ela tem uma dedicação inabalável por ele, embora não deixe de viver sua vida. Tem sua profissão, seus próprios dramas, mas vai sempre ao pântano (repare, ela não exige que ele vá ao mundo dela; vai ao dele) para vê-lo e amá-lo incondicionalmente. Sim, incondicionalmente.

Quando ele “morre” pela segunda vez, é ela quem o cuida, rega, com zelo tal que ele se regenera e retorna para retomar sua saga. E quando decide amá-lo, contra todas as expectativas, contra até, como ela diz, “o gosto de musgo na boca” (alguém pensou no gosto amargo de meu cigarro?), ambos constatam que mesmo o sexo será difícil. Mas ela ainda assim o quer (uma simples prova de que o amor não tem limites); e ele encontra uma forma diferente de lhe dar prazer físico, numa sequência de imagens absolutamente poética e impressionante.

Mas o mais importante é, de fato, a cumplicidade entre ambos. O cuidado mútuo, a forma de ver que dois seres tão diferentes podem se amar verdadeira e eternamente. Que não há dinheiro, aparência, expectativa ou olhar alheio que supere a importância de um amor… E ainda há quem diga que não somos o que lemos… Eu sou o Monstro do Pântano! À procura de minha Abby. Enquanto a realidade não vem (se é que virá), fico me deliciando com a ficção…

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