13 de março de 2016

 

PARTE I – Fátima (tá, Capital e Legião, ok?)
“Vocês esperam uma intervenção divina
Mas não sabem que o tempo agora está contra vocês
Vocês se perdem no meio de tanto medo
De não conseguir dinheiro pra comprar sem se vender
(…)
Três crianças sem dinheiro e sem moral
Não ouviram a voz suave que era uma lágrima
E se esqueceram de avisar pra todo mundo
Ela talvez tivesse um nome e era: Fátima
E de repente o vinho virou água
E a ferida não cicatrizou
E o limpo se sujou
E no terceiro dia ninguém ressuscitou”

Primeira razão para não sair de casa neste dia 13, em Fortaleza: dia de maior congestionamento de fiéis numa das rotas centrais da cidade, e que tem uma especial dificuldade de tráfego: a avenida… 13 de Maio. Tudo graças às missas e procissões que ocupam o dia inteiro os fiéis de Nossa Senhora de Fátima na Igreja de mesmo nome. Não creio em congregações, porém respeito o direito de todos de quererem fazê-las. Mas no meio de tantos fiéis convictos e apaixonados, estão pessoas sem princípio cristão algum, que depois irão às ruas para se digladiar por seus “escudos” de paixão futebolística ou política, sem o menor respeito pelo outro e sem pensar na coletividade, mas apenas no próprio umbigo. Não dá pra mim. Infelizmente, a Igreja não é reduto de pessoas de fé, salvo honrosas exceções. É um cortejo de sepulcros caiados.

PARTE II – Petróleo do Futuro
“Ah, se eu soubesse lhe dizer qual é a sua tribo
Também saberia qual é a minha
Mas você também não sabe
E o que é que eu tenho a ver com isso?
Sou brasileiro errado
Vivendo em separado
Contando os vencidos
De todos os lados”

Ceará x Fortaleza no Castelão. Barbárie à vista. Ultimamente, episódios imbecis fizeram com que membros de facções de duas torcidas do mesmo time entrassem em conflito. E não é a primeira vez. Do outro lado também já aconteceu (essa eu vi, estava presente). E isso quando estão jogando contra outros times. No dia em que se encontram, torcedores das duas equipes promovem um “show de terror” em vandalismo, violência gratuita, desrespeito, desordem. Há pelo menos 25 anos esses fatos acontecem em grau ostensivo. E nada é feito para acabar com isso. Antes era mais calmo. Mas não por ordem ou lei severas. Também havia problemas na época. Foi o conceito de rivalidade que mudou. E a população que fique à mercê dos marginais disfarçados de reais torcedores.

PARTE III – Que país é este?

“Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação”

Sobre as manifestações marcadas para hoje, só posso dizer que o direito de protesto é livre. Mas não há nada que justifique uma falta de memória histórica. Os “cara-pintadas” da época de Collor foram massa de manobra do mesmo jeito. E da mesma Rede Globo que hoje está fazendo o que hoje ocorre. Não há diferença, a não ser pelo fato de que o Collor realmente estava implicado diretamente nas falcatruas, enquanto Dilma me parece muito mais uma incompetente do que uma ladra. O próprio partido a envergonha. Não que ela seja santa, mas compará-la ao Collor é até risível. E tem mais: a saída do Collor não gerou a entrada de nenhum “vermelho”, mas do PSDB. Ou seja, não eram apenas os ditos “socialistas” que queriam a saída do alagoano. Ele conseguiu algo inédito: unir direita e a dita esquerda contra um único nome. Além do mais, sabemos que a Rede Globo, neste país, infelizmente, elege e derruba presidentes: fez de Tancredo um mártir, elegeu Collor, derrubou Collor, elegeu FHC, elegeu Lula, elegeu Dilma e está prestes a derrubá-la. Tudo arquitetado de acordo com seus interesses. Finalmente, não acho que seja golpismo protestar contra Dilma ou contra quem quer que seja. Só penso que o grande mal deste movimento é criar uma onda muito maior do que algo contra Dilma, mas contra o PT e toda a esquerda. Agora é “moda” ser de direita, abrindo espaço para movimentos reacionários que, com certeza, estarão cavando nossa sepultura, pois tal qual foi feito contra João Goulart em 64, os militares podem intervir e restaurar a ditadura sob o pretexto de ser um “clamor das ruas”. Nesse sentido, sim, creio que é muito perigoso um movimento que envolve pessoas de bem legitimamente insatisfeitas e que, igualmente a mim, querem mudanças, independentemente de partido, mas que também traz como seus “organizadores” pessoas interessadas em restaurar o domínio maléfico do PSDB (muito pior do que o desgraçado PT, que nunca me enganou, mas do qual também não se esperavam tamanhas maracutaias), o que seria um retrocesso absurdo nas questões sociais do país. E, repito: pior do que um retorno do PSDB (Deus nos livre), temo que as pessoas de bem sejam usadas para “mostrar” que o “povo quer a moral (muitas aspas nessa palavra) dos militares, a ordem de volta”. Portanto, respeito o direito de todos em questionar o governo. Ele merece. Mas a Rede Globo e outros elementos direitistas nocivos à sociedade estão, sim, infiltrados no movimento legítimo. Eis o porquê de minha descrença nele. É a razão de não passar nem perto desse protesto. Eu tive ótimos professores de história. E, ainda por cima, vi boa parte dela acontecer.

 

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