Vou logo avisando que se você não gosta de texto longo, pode pular este.
Amanhã completo 47 anos. Normalmente não me manifesto antes da data. Por certa e rara timidez, por achar que já falo demais, sei lá por qual razão. Mas também não sei por quê, neste ano, resolvi me manifestar um dia antes.
Talvez porque tenha conseguido a alegria de chegar a essa idade cheio de erros, acertos, dúvidas, mas com uma grande e difícil certeza, que demorei a encontrar e, principalmente, a reconhecer: EU GOSTO DE QUEM EU SOU. Finalmente.
Descobri que sou um cara difícil e, ao mesmo tempo, fácil de se entender. Cometo erros e acertos, mais estes que aqueles, acho. Mas, principalmente, tenho consciência maior dos erros, o que me dá um senso de vergonha e arrependimento favoráveis a pedir perdão, a tentar evoluir, a ser um pouco melhor, mesmo naquilo que nem eu acredite que consiga mudar.
Neste ponto escrevi e reescrevi dois textos. Desisti. Por quê? Porque primeiro pensei em contar minha história, para que entendessem minhas ideias. Depois pensei em sair me explicando como sou, para que não me julgassem. E aí lembrei que minha alegria maior hoje é não precisar e nem querer me explicar muito. Então, quebrando minha regra natural, decidi não fazer um texto único, mas simplesmente elencar em 20 tópicos, por ordem alfabética, tudo aquilo de que gosto (e eventualmente não goste) em mim. É isso. Boa leitura, se estiver disposto ou curioso.
PS: Caso deseje, pode deixar sua mensagem de parabéns ou de crítica nesta postagem. Talvez seja até mais fácil de eu agradecer sua lembrança. Até.
- AMIZADES
– Mais amigas que amigos, o que muito me agrada – nada contra meus grandes chapas, rsrs -, mas que já me rendeu ciúmes de parceiras minhas e parceiros delas. Por outro lado, sinto que todas creem em mim, sem medo de que eu esteja querendo me aproveitar de sua confiança. Isso é reconfortante.
– Fidelidade, mesmo sem se falar sempre.
– Sem cobrança. Entendo perfeitamente o ritmo da vida. Nem sempre a pessoa está a fim de falar, ou com tempo para visitar, telefonar etc.
– Bom ombro. Bom “psicólogo”.
- ATIVIDADE FÍSICA/INTELECTUAL
– Não gosto de nenhum exercício físico, a não ser hidroginástica, que é dentro d’água e por isso não tenho tanto calor. O que faço é por necessidade. Nenhum prazer. Bom é comer, beber.
– Ler sempre, qualquer coisa, em qualquer lugar.
– Saudável é ter um cérebro em atividade. O corpo a gente mantém, dentro do tempo que resta depois da dedicação ao cérebro. E só. Está bom demais.
– Não sei dirigir, nadar, dançar ou andar de bicicleta ou moto. E tirante o primeiro, apesar do pânico, não penso em aprender os demais a essa altura do campeonato.
– Ou seja, sou bom de raciocínio e de modalidades esportivas como levantamento de copo e arremesso de ponta de cigarro. Podem me julgar.
- CARÁTER
– Autêntico. Sempre.
– Questionador. Sempre.
– Provocador. Muitas vezes.
– Tolerante. Quase sempre.
– Intenso. Sempre. Para o bem ou para o mal. Odeio ser morno.
– Palhaço. Algumas vezes. Ou deliberadamente, ou não (às vezes provoco risos por ser desastrado). Cheio de tiques, manias, ironias, e poses esquisitas. Em bom “cearês”, um “munganguento”.
– A palavra vale mais que atitudes. Quase sempre. Discordo de quem questiona a autenticidade das palavras e vê nas atitudes algo mais verdadeiro. Eu sou homem de acreditar no que me dizem, mais do que naquilo que, aparentemente, parecem fazer. E adoro que pessoas creiam, verdadeiramente, em minhas palavras. São mais confiáveis que meus atos, pois sou meio destrambelhado…
– Chato. Inúmeras vezes. Infindáveis, diria.
– Caseiro. Bastante. Só um programa cultural muito bom ou uma roda de amigos de bom papo me tira de casa.
– Não sou um bom exemplo para ninguém. Mas estou longe de ser uma má influência. Normalmente, rsrs.
- CASAMENTOS/RELACIONAMENTOS
– Três separações. Mais culpa minha que delas, por conta de meu individualismo e esquisitices. Mas não sou “o problema”, como se costuma pensar de um homem que se separa muito. Ainda assim, aqui quero expor publicamente meu pedido de perdão aos males eventualmente causados a todas as três.
– Não quero mais casar ou ter filhos. Amo demais os dois que tenho e o que faleceu prematuro.
– Coisa boa é cada um na sua casa. Portanto, nem morar junto quero mais.
– Por outro lado, adoro relações escancaradas, sem medo de se expor, de se declarar, dentro dos limites do senso do ridículo e da intimidade, evidentemente. Mas se não for proclamado, não é amor.
- CINEMA
– Terror
– Suspense
– Filmes Históricos
– Clássicos da Literatura fiéis à obra
– Odeio comédias românticas (gosto das irônicas, nada pastelão), animações e dramas de amor para iludir que o amor é lindo e existe eternamente. Isso a gente busca no mundo real.
– Obs: Os filmes das décadas de 60/70 são os melhores. Grandes atores, poucos efeitos.
- CULTURA EM GERAL
– A priori, sou, sim preconceituoso, no sentido de saber que existe uma ciência chamada Estética, que define o que é bom e o que é ruim. Entretanto, o preconceito se restringe à Arte ruim, não a seus admiradores. O gosto se discute, SIM. Mas não o Amor por quem pensa e gosta diferente de nós.
– Em geral, salvo honrosas exceções, Arte Moderna (tirante a música e o cinema) é um saco. Bom é do século XIX para trás.
– Sou ótimo para dizer que uma Arte de que gosto pode ser ruim e reconhecer o valor de uma da qual não gosto. Queria que todos fossem assim. E sem levar para o lado pessoal. Seria perfeito.
– Nenhuma censura, nunca. A família que controle o que deve ser visto, se assim lhe importar. Mas o sonho maior seria ver a arte que não é boa fracassar por falta de público consumidor, sem nenhuma censura, a não ser a seletiva do próprio povo. Para isso, entretanto, só uma revolução educacional.
– Adoro escrever certo, mesmo em redes sociais. Esforço-me ao máximo para isso, embora vez por outra a pressa atrapalhe. Mas de modo algum critico seriamente quem não escreve corretamente. É extremamente desagradável. A não ser que a pessoa peça. O que importa, quando me escrevem, é a emoção e verdade transmitidas.
- DINHEIRO
– É bom, mas não é o mais importante. Se pagar minhas contas, e sobrar para a Arte e para os vícios, está bom. Ou seja. Defeito gravíssimo, para 90% das pessoas: não sou ambicioso, nem no bom sentido.
- ESPORTES
– Péssimo atleta, exceto de handball, na adolescência. No futebol, bem melhor como treinador ou comentarista.
– Na verdade, bom mesmo é jogo de tabuleiro.
– Torcedor somente do INTERNACIONAL, mesmo sem ter nascido ou ido ao Rio Grande do Sul. Paixão não se explica, não tem Geografia. Vá se lascar com seu bairrismo. Respeito e simpatia pelo sucesso dos times cearenses.
- HABILIDADES MANUAIS
– Zero. Mas se me ensinarem, esforço-me em ajudar. O que não é garantia de sucesso. Posso passar na recuperação…
– Isso quando não se tratar de serviços de eletricidade, encanamento, jardinagem, mecânica. Aí é zero sem chance de recuperação.
- LITERATURA
– Simbolismo
– Decadentismo
– Ultrarromantismo
– Realismo machadiano
- MEU CORPO
– Gordo, Feio. Mas tem dias que até me engulo, rsrs.
– Odeio transpirar. Portanto, odeio calor e roupas me acochando. Quanto mais frio o clima ou folgadas as roupas, melhor. Detesto quando meus alunos pedem para esquentar a sala. Mas, se a maioria quer, viva a democracia!! (Ah, como eu queria incorporar um ditador, nessa hora específica, rsrs)
– Jeans e camisetas são minhas roupas favoritas. No mais, encaro. Exceto ternos, smokings. Odeio com todas as forças de minha alma.
- MÚSICA
– Rock em todos os gêneros, especialmente Gótico/Pós-punk, Metal, Hard Rock, Blues, 70’s. Música Erudita (exceto ópera). Boa parte da MPB. Algumas coisas Pop inteligentes e/ou fora do circuito. Ou seja, tudo o que for feito com emoção autêntica, não com a intenção de fazer sucesso e vender, ainda que tenha vindo a conseguir isso, sem tal intuito. Música tem de ser questionadora, crítica, irônica. Não uma baboseira para dançar e pronto.
– Anos 80 em geral. Melhor época da História da Música.
- ORIENTAÇÃO SEXUAL
– Heterossexual, mas sem nenhum problema com a sexualidade de ninguém. Aliás, o mundo seria melhor se todos deixassem as pessoas serem o que quisessem, como e onde quisessem, respeitando os limites do bom senso público. Mas nada de “Pode ser gay, desde que nem eu nem minha família vejamos”. Entretanto, também é insuportável a tendência atual de procurar machismo na gentileza, no cartaz do filme, na simples vontade de permanecer hétero. Dois extremos execráveis.
- POLÍTICA
– Nenhuma ditadura, de qualquer espécie, é aceitável.
– Nenhuma censura, de qualquer espécie, é aceitável.
– Nenhuma direita, de qualquer espécie, é aceitável.
– O comunismo também não é aceitável.
– O Anarquismo organizado, à la Canudos ou Sociedade Alternativa de Raul Seixas, é a única salvação da Humanidade. Mas, até que o mundo se conscientize disso, todo regime que priorize a Economia ao invés do Social e da diminuição das desigualdades deve ser fervorosamente combatido. Ou seja, (neo)liberalismo não!!
- PROFISSÃO
– Amo ser professor de Literatura (especialmente), Inglês e Redação. Ver o brilho de um olhar jovem ao entender algo que falei. Ou sentir alguém se empolgar e arrepiar junto comigo em um trecho literário. Na pior das hipóteses, se respeitarem o que faço já me sinto satisfeito.
– Sou corporativista, sempre desconfio de patrões, por melhores que sejam, e sempre vou achar que professor merece mais. Nossa classe deveria, SIM, ser privilegiada em todos os sentidos, em relação às demais. Por quê? Porque merecemos. Chega de discursos vazios sobre nossa importância e nenhum benefício real.
- REALIZAÇÕES E SONHOS
Realizações:
– Ter a educação que recebi de meus pais adotivos.
– Ter filhos maravilhosos.
– Ter conhecido minha família biológica.
– Cantar com o Biquini Cavadão num palco (Bônus: foram quatro vezes, uma gravada em DVD!!)
– Assistir a um show do The Cure (eterno obrigado, Rejane e Júnior!!).
– Ver meu time Campeão do Mundo (foi pela TV, mas valeu demais!)
– Ter amigos.
– Ter vivido nos anos 80.
– Ser professor e gozar de respeito e/ou carinho pela maior parte de meus alunos, tendo inclusive alguns deles se tornado amigos próximos, frequentadores de minha casa e de minha vida.
Sonhos:
– Manter-me fiel a quem sou, sem corromper minha alma.
– Ver um jogo do Inter no Beira-Rio.
– Assistir a um show do Accept.
– Publicar minha obra literária, do jeito que quero.
– Saber que meus filhos estão felizes e que me amam.
– Ver o Brasil ser um país mais culto e menos conservador.
– Morrer dormindo ou, pelo menos, sem dor.
17.RELIGIÃO
– De formação católica, catequista na adolescência, hoje agnóstico teísta e está bom demais assim. Detesto me congregar, detesto que me cobrem isso, detesto que tentem me converter e que me assinalem em correntes do tipo: “se você não curtir, não ama Deus”. Ou que venham com discursos semelhantes a isso. Detesto correntes conservadoras do catolicismo, ou de qualquer outra religião.
– Por outro lado, creio nos princípios pregados por Cristo e me admiro como ultimamente as pessoas têm pregado o ódio e a vingança, além de acharem “normal” a desigualdade social causada pela exploração dos trabalhadores e dos miseráveis. Capitalistas selvagens e doutrinadores de ideologias discriminatórias são pessoas que deveriam ter vergonha de se dizerem cristãs. Mas se não forem, têm pelo menos meu respeito, por serem autênticas, embora eu discorde.
– O Brasil precisa de mais rigor nas leis e de mais certeza de seu cumprimento. Nada de justiceiros julgando, condenando ou executando com as próprias mãos. A Lei de Talião é uma aberração. Seria o Caos, o retorno à barbárie, o mais anticristão dos atos.
- TECNOLOGIA
– Já fui inimigo mortal. Hoje temos uma convivência razoável, diria até atraente. Mas não sou um grande amante seu. A ignorância e o medo de arriscar são brochantes.
- TELEVISÃO
– Esportes, Jornais, Séries (adoro comprá-las e assistir depois, com tempo, quando não dá para ver na TV). E chega. Pago TV a cabo como plano de saúde. Para não usar. Mas quando preciso, fujo da porcaria comum (TV aberta).
- VÍCIOS
– Cigarro
– Rum de LIMÃO (importantíssima ressalva), vodka como segunda opção, quando só há outros tipos de rum ou nenhum.
– Drogas ilícitas? Felizmente, não. Ou estava lascado. Sou intenso em tudo, até nos vícios.
– Verdade. Meu maior e melhor vício.
18 de janeiro de 2017
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