As portas fechadas lembram o coração

de quem cerra a união.

Os postes passantes propiciam prenúncios pálidos

de um tanque vazio de esperanças retumbantes.

E o trânsito de ultrapassagens cálidas

só não permite passar a dor angustiante.

 

Vou de passageiro, como fui na tua vida…

Saí em mais uma tentativa sofrida de sorrir;

No retorno ao lar, para chorar e dormir,

a certeza de que o entorno é um transtorno

dentro da noite, da madrugada, do porvir.

 

O semáforo a mostrar olhos vermelhos,

dizendo para a esperança estacionar

porque quem amarela diante do amor

nos obriga a seguir, quando o verde é a cor.

 

 

Tua rua Paris é bem ali, dobrando a esquina

e eu acelero por teu coração de menina,

mas o freio que insistes em pisar

me derrapa na lágrima escorregadia,

numa contramão tardia sem precedentes…

Até findar no engavetamento que abalroa a mente.

 

 

Teu “não” com pisca-alerta de “sim”

confundiu o trajeto que havia em mim,

fazendo uma lembrança no canteiro atingir.

Contudo, ao restabelecer o pensamento,

observo que dirigir numa estrada imprecisa

é descer ladeira sem para-brisa;

é colidir sem para-choque;

é afundar o pedal ouvindo rock…

E torcer para que o tempo sirva de reboque.

 

 

Então, a pergunta que fica no final:

Por que me fizeste avançar o sinal,

se já sabias que era perda total?

 

 

Novembro, 2017

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