Uma das coisas que mais admiro em Machado de Assis é seu processo de metalinguagem. Para quem não sabe o que significa tal palavra, basicamente, no caso dele, é quando usa sua escrita para analisar aquilo que ele mesmo está escrevendo. O ápice dessa técnica está em “Memórias póstumas de Brás Cubas”, quando ele chega a abrir pequenos capítulos só para tecer comentários rápidos sobre o capítulo anterior, por exemplo. Isso, aliado a sua eterna ironia, faz do “Bruxo do Cosme Velho” (como nós, ligados à Literatura, normalmente gostamos de chamá-lo) meu romancista favorito; e “Memórias…”, meu livro de cabeceira. Por que essa alcunha de “bruxo”? Tarefa de casa, para o meu leitor, pesquisá-la, se não o souber.
 
 
Pois bem, esse meu primeiro parágrafo, pomposo e intelectual, está aí para justificar o pequeno tamanho de minha crônica de hoje. Na verdade, eu precisava de uma boa e qualificada desculpa para encobrir minha profunda preguiça, hoje.
 
 
PS: “alcunha”, para os ínscios, significa “apelido”.
 
PS2: “ínscios” é o mesmo que insciente, que não tem ciência, ou seja, conhecimento sobre alguma coisa.
 
 
E está bom, ou então meu exercício de metalinguagem vai ficar muito extenso e deixará de ser machadiano. Até amanhã.

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