Ó, caso não raro,
Esse tal de Ocaso.
É pela linha do tempo que eu vazo,
Que meu ser lasso desce pelo
Vaso ou pelo ralo… porém…
Não faço caso, ocaso!
A idade do “nada é por acaso”
Não é só por acaso,
Mas um caso de acaso
Do ocaso,
E eu já ultrapasso o prazo.
O tempo passa, eu passo,
E dos sonhos me desfaço, mas…
Não faço caso, ó, ocaso!
A Bíblia de meus erros crassos,
O relato em calhamaço de papéis almaço,
Refeito em amassos e desamassos,
Eu já mandei para o espaço…
Não faço caso, ocaso!
O caso é que o ocaso, um descaso
Com o qual não caso, é um pouco caso
De um reles criador de caso que, por acaso,
Te toma a vida a prazo,
Passo a passo,
Com prestações às quais me aso
Mas mesmo assim…
Não faço caso, ó, ocaso!
Soldado raso, inimigo do Parnaso,
Enfrento o calor e o mormaço,
Pari passu ao desamor e ao fracasso.
Há muito eu não faço caso,
Simplesmente não mais caso
Nem dou azo para o estardalhaço
Do amor em descompasso
Ou do clamor do ocaso!
Não faço caso, ocaso!
Se me abraso
Para tirar o atraso,
Porém só me comprazo
Entre os braços de
Um abraço
No vácuo espaço
De um ausente laço,
Ouço meu sonzaço
Olhando estrelas no terraço
Como um João-sem-braço
E me defaso
No corpaço
De meu querer devasso
Pela garota do filmaço.
Então, bebaço,
Com dores no espinhaço
E amores no regaço
De um desejo escasso
Que só existe no envaso
De meu cansaço…
Não faço mais caso,
Ó, ocaso
Se chega a hora do transvaso
Do viver em dolorido compasso
Para o morrer como palhaço,
Não tem problema, ocaso!
Eu passo, me desfaço,
Me refaço e vazo,
Porque a mim não é mais
Caso, nem acaso, meu caro ocaso…
Ó pra ti, ocaso!
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