Cansaço. Cansado dessas machadianas paixões místicas,
Efêmeras, Eugênias para minha egoísta e eufemística vontade,
De querer bem mais que bem-querer!!
Enfim, cansado de ser eu mesmo também Euburro, Eugênio,
Um coxo de vícios.
Inteligente, mas coxo.
Legal, mas coxo.
Fiel, mas coxo.
Honesto, mas coxo.
Divertido, mas coxo.
Se coxo, por que poeta?
Se poeta, por que coxo?
Se poeta, por que poeta?
Se coxo, por que coxo?
Estou roxo de ser coxo.
Cansaço. Cansado desse desencontro
Eu quero
Desse jeito, não.
Então do outro.
Tá bom.
Não deu.
Então tá, adeus.
Eu topo do seu.
Valeu!
– Sumiu
Agora quero do jeito que não queria.
… (esperança)
Mas não com você.
Cansado da onipotência e onipresença das adversativas.
Você é um homem maravilhoso, mas, porém, entretanto, todavia…
Cansaço. Cansado dessa tentação
De viver de tentativas, de rodar o planeta
Com uma ranheta ampulheta às minhas costas,
Envergando-me para uma valeta solitária.
A tentativa é vária, mas a resposta é falha.
E minha, sempre minha, a linha da cena do crime
Não deve ser ultrapassada e então o futuro talha,
Na pedra onde Deus gralha seu pensamento,
Que este excremento encalha!!
Ou seja, eu seja aquele que rasteja
Para a cova eterna de ser kamikaze,
Seja eu o que leva sovas do “quase” eterno,
O final é sempre o mesmo:
Não deu, Prometeu!!
(onde anda minha hercúlea libertadora?
Minha Dora de Pedro Bala,
Minha Zélia gata Gattai?
Quero ser Amado sem ser Jorge!)
Cansaço. Cansado dessa frustração
De um dia ter me entregado tanto pra alguém
Que acredita em
“Agite, antes de usar”
E depois de usar, abusa e descarta na lixeira seletiva mais próxima.
“Use, abuse e descarte”…
Quisera eu abusar da imagem meramente ilustrativa de um amor que sonhei.
Cansaço. Cansado de não me permitir me entregar
A quem não me conhece.
Maldita necessidade de que se entenda meu mundo
Nesse planeta rotundo de imundos vagabundos,
Enquanto eu, moribundo,
Cada vez mais me afundo
No poço profundo
De minha honesta decência.
Demência!
Cansaço. Cansado de não chorar.
Quisera eu não desejar alimentar meus animais interiores,
Não estacionar meu coração em lugar proibitivo
E aceitar olhares presentes de estranhas,
Mas as minhas entranhas tacanhas
Não aceitam barganhas
Das artimanhas da vida:
Não quero rumor, quero furor
Não quero estupor, quero me expor!
Doutor, eu não me engano,
Meu coração é altiplano!
Um planalto pronto para ser tomado de assalto
Num sobressalto incauto
Por uma dama com ou sem vestido cobalto.
Mas que me conquiste com voz de contralto,
Sobrando empatia e galhardia.
Cansaço. Cansado de esperar.
De esperar acontecer.
De não saber a hora.
De não prever uma hora.
De não dormir antes de uma hora.
E de acordar com a aurora…
Sem saber
Onde está minha Dora.
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