Fico feliz em saber que algumas pessoas já vêm me acompanhando nestas “diacrônicas” todos os dias. Houve até quem me dissesse coisas do tipo: “Já estou ansioso por ler a de amanhã, sobre o pronunciamento desta noite do cafa…digo, do Presidente da República ”. Lamento decepcioná-los, mas se vocês me seguem pelo Facebook, viram que ontem fiz outra postagem com tudo o que tinha a dizer sobre o assunto. E se você está me lendo pelo site e não tem Facebook, entre em contato comigo que te envio o texto, caso queira lê-lo.
Hoje meu assunto é saudade. Não necessariamente a saudade por uma pessoa como a cantada por poetas românticos do quilate de um Laurindo Rabelo ou por músicos como Chico Buarque, nem a saudade de meus filhos, porque senão isto aqui vira uma novela mexicana, de tão dramático… mas a carência de coisas mais simples, como bem a cantaram Pablo Neruda ou Cesário Verde.
Saudade de pão. Gente, como queria comer um carioquinha! Assim, daqueles bem branquinhos (acho que a única coisa pelo que tenho racismo), com a massa quase crua, quentinho, com manteiga escorrendo… Ai, ai.. Saudade de futebol na TV, mesmo que fosse um jogo da quarta divisão da Tailândia, sei lá. Saudade do abraço dos amigos e das rodas de conversa nas salas de professores. Da tapioquinha e do cafezinho do trailer de lanches da esquina. Do alarido de meus alunos voltando do intervalo. Do vento batendo no rosto ao caminhar pela rua. De passar na bodega e deixar um fiado.
Do sol não sinto nenhuma saudade, mas ele mesmo assim não me abandona. Toda tarde invade minha casa para não me deixar esquecê-lo. Também não sinto falta da hipocrisia da maioria dos seres humanos, mas essa irrompe pelas redes sociais. São muito difíceis de evitar, quando passaram a se tornar uma das formas (felizmente, não a única) de se distrair. E aí a gente sente a saudade de deixar imbecis no vácuo. É bem mais fácil fazê-lo ao vivo (é só virar as costas e ir embora) que na rede social, onde somos tentados a voltar àquele ponto e continuar discutindo.
Eu me pergunto se Margaret Atwood chegou a pensar nesse aniquilamento social e nessa condição extrema de carência ao compor suas aias em “O conto da aia”. Lá, suas identidades eram trocadas pelos nomes de seus senhores. Aqui, somos todos Saudade. Somos todos seus servos.
Comentário do facebook