Todo mundo entrando nessa onda. Uns contando curiosidades “marmotosas” de sua vida, como Cintya, que me convidou a fazer o mesmo. Outros, falando de coisas sérias. E há um terceiro grupo se limitando a dar curiosidades. Como sou um cara chegado a contar as histórias de minha vida (há quem diga que eu deveria escrever um livro sobre isso), vou fazer um “resumão” juntando tudo isso aí, ok? Quem tiver paciência, que leia os 36 FATOS A MEU RESPEITO. E se você é daqueles que acha um saco texto grande, dane-se. Sim, sou chato e grosso. Ponto.

 

1 – Nasci em 19 de janeiro, coisa que muito me orgulha, pois tenho como “xarás de data” nada mais, nada menos, que Janis Joplin e, especialmente, Edgar Allan Poe (melhor escritor de terror, sempre!)

 

2 – Aliás, Poe foi a razão de meu primeiro nome, dado por meu pai adotivo húngaro: Roderic é um “abrasileiramento” de Roderick Usher, famoso personagem do norte-americano. Já o segundo, Terence, é um “inglesamento” do poeta e dramaturgo latino Terentius. São as línguas portuguesa e inglesa influenciando em minha vida desde cedo. O Gonçalves vem de minha mãe adotiva e o Szasz, de meu pai.

 

3 – Um dia, tentei imaginar como seria meu nome se não tivesse sido adotado. E descobri. Provavelmente seria Sebastião (nasci na véspera de São Sebastião, por isso a escolha, segundo minha mãe biológica) Moreira (sobrenome dela) Chagas (sobrenome de meu pai biológico). Já tenho a ideia de um dia escrever um romance sobre meu “alterego sertanejo” (ou seja, como eu seria se tivesse permanecido em Quixeré) e o personagem já tem nome: Sebastião Moreira Chagas.

 

4 – Nasci em Quixeré, mas fui adotado no terceiro mês de gestação e trazido para Fortaleza com dois dias de nascido. Só voltei lá para conhecer a família biológica 20 anos depois. Minha mãe Inêz havia se casado com João Santiago e os dois tiveram 7 filhos. Resultado: eu, criado como filho único, ganhei 7 irmãos de uma lapada só, em 30 de dezembro de 1990.

 

5 – Não fiz Jardim ou Alfabetização (equivalente hoje à Educação Infantil), pois como eu já lia e escrevia aos quatro anos, a professora sugeriu que eu fosse retirado da sala com um mês de aula, pois eu “inibia” as outras crianças. Voltei aos estudos na primeira série (hoje segunda), com 6 anos.

 

6 – Com os mesmos seis anos, caí em uma cacimba de doze metros com apenas dois com água.

 

7 – Em inglês, comecei a me tornar fluente com 8 anos. Aos 10, comecei a ler os clássicos nessa língua (na nossa, foi aos 7), e me empolguei quando consegui ler uma obra completa de Shakespeare no original arcaico, pertencente a meu pai. Essa edição histórica hoje pertence à minha filha.

 

8 – Fui catequista e quase coroinha da Igreja de Fátima, bairro onde morava. Aos 16, deixei tudo e tornei-me agnóstico teísta. Na mesma época, tomei contato com o rock’n’roll, grande paixão de minha vida, ao lado dos filmes de terror e da Literatura, evidentemente. As bandas que marcaram essa fase foram várias, mas escolherei três cujos vinis foram quase furados na vitrola: Biquini Cavadão, The Cure e Accept. Todas as demais são variações mais ou menos pesadas dessas três, praticamente.

 

9 – Eu abandonei a Igreja, mas ela não me abandonou. Estudei o Ginasial (Ensino Fundamental) numa instituição com nome de santo por detrás da mesma igreja de Fátima (Santo Tomás de Aquino), fiz o Científico (Ensino Médio) em um colégio de padres (Cearense Sagrado Coração) e trabalho/ei em várias escolas religiosas: Dom Lustosa (o primeiro com carteira assinada), Stella Maris, Imaculada Conceição, Santo Inácio e atualmente Nossa Senhora das Graças e Juvenal de Carvalho (este há 23 anos me tolera). Apesar dessa convivência religiosa, sou cristão, mas não tenho nenhuma necessidade de dogmas, de me congregar.

 

10 – Estive em bons colégios leigos de Fortaleza também, como Geo e Master, e hoje estou em outra muito boa, o Universo. Mas também trabalhei em algumas tralhas, cujo nome não vou citar por questões éticas. Aliás, ser ético no trabalho é uma das coisas que mais gosto de cultivar.

 

11 – Passei no concurso do Estado de 1992, mas abandonei meu contrato após um ano e pouco de período probatório e não tenho uma gota de arrependimento por isso.

 

12 – Além de professor, trabalho também como revisor, seja no Colégio Juvenal de Carvalho, seja em trabalhos particulares (interessados, procurem-me, hahaha)

 

13 – Meu primeiro beijo foi tardio, aos 15 anos. Minha primeira namorada chamava-se Dagmar e gostava de me ouvir cantando em inglês ao seu ouvido. Depois dessa atrasada primeira relação, digamos, fiquei mais solto. Porém, sou meio tímido. Dou a deixa, às vezes, mas se a garota não tomar a atitude, não tenho coragem. Prefiro até que elas tomem a iniciativa. Portanto, não tive tantas aventuras amorosas – só algumas, inesquecíveis. Ainda assim, já casei três vezes e não acho que as separações tenham sido por problemas meus ou delas, foram coisa da vida. Mas se tivesse de apontar um culpado, seria talvez minha intolerância à convivência a dois. Sou um tanto individualista, não abro mão de minha biblioteca, meu som, meus filmes, meu futebol. Hoje, moro só e não pretendo mais me casar. Só namorar está bom demais.

14 – Não sou um grande dono de casa, mas até que não sou tão mau, para um homem sozinho. Pelo menos, meus livros, DVDS, HQs e CDs são organizados de forma que sempre sei onde estão. Especialmente estes últimos, por ordem alfabética de banda, ano de lançamento do CDs e, finalmente, coletâneas. Claro que há três setores para facilitar a divisão: nacional, internacional e gótico (estilo favorito, seja na música, cinema, literatura ou moda – embora o preto constante venha sido intercalado por outras roupas, ultimamente).

 

15 – Aliás, fui gótico na adolescência, daqueles de frequentar o cemitério São João Batista de madrugada e tudo, menos usar maquiagem preta. E já entrei em briga com metaleiros (eles nos odiavam) e com um punk famoso da cidade nos anos 80, o Dedé Podre.

 

16 – Por morar só boa parte da vida e por ser extremamente confuso e atrapalhado, tornei-me um metódico. Foi uma questão de necessidade. Não só gosto, mas PRECISO de planejar tudo meu com muita antecedência: datas, sequência de ações, horários.

 

17 – Para mim, a falta de pontualidade é o pior defeito banal de um ser humano. Entre os graves, a mentira. Mas ainda não saberia dizer se odeio mais gente mentirosa ou atrasada a compromissos.

 

18 – Tenho dois vícios criticáveis, mas que praticamente já fazem parte de minha personalidade: o cigarro (desde os 17 anos) e a bebida (desde os 15 – sendo que este último com um detalhe: há uns 18 anos que praticamente tomo uma única bebida: Rum Montilla sabor limão, sim, tem de ser o de limão).

 

19 – Sei que não sou uma pessoa inculta (e tenho orgulho disso), mas não me considero um intelectual na medida ampla da palavra.

 

20 – Amo as palavras com veemência, e por isso costumo usá-las com cuidado, sobretudo quando escrevo. Às vezes, por isso, sou prolixo (como vocês podem estar constatando agora). Discordo frontalmente de quem diz que os gestos são mais importantes que as palavras. Jamais serão.

 

21 – Entre os sonhos mais “mundanos”, conquistei coisas legais, como cantar no palco com minha banda nacional favorita e me tornar amigo dos caras (Biquini Cavadão) – inclusive foi registrado em DVD – , escrever um livro (participei de dois, mas quero ainda publicar os meus “solo”, que já estão quase prontos… além das “Máximas roderiquianas”, claro). Falta também ver um jogo do Inter no Beira-Rio.

 

22 – Aliás, eu torcia Ceará e Inter até os 24 anos. Até que cansei de torcer para dois times e resolvi optar. Num Ceará e Inter pela Copa do Brasil de 94, no Castelão, fui com a camisa do Inter por baixo e a do Ceará por cima, para ali finalmente me decidir. Apesar da esmagadora maioria alvinegra, o coração falou mais alto: larguei a camisa do Ceará na arquibancada e fui em direção à torcida colorada. Mas deveria ter feito isso mais perto deles, pois levei uma carreira histórica da torcida local, até conseguir chegar ao cordão de isolamento. Não tenho mais preferência por nenhum time cearense.

 

23 – Já fui um dos 20 e poucos pagantes de jogos como Tiradentes x Calouros do Ar, ou coisas assim. Hoje dificilmente vou ao estádio: pela violência, por não poder beber ou fumar em paz, mesmo me prevenindo pra não incomodar ninguém. Praticamente só vou quando o Inter vem por aqui.

 

24 – Odeio preconceitos como homofobia, machismo, racismo e outros. Mas acho extremamente chato ter de me regrar a todo instante por medo de melindrar alguém, quando não tenho numa intenção nisso. Acho o politicamente correto quase tão abominável quanto as formas de preconceito em geral.

 

25 – Costumo ser chato, radical, mal-humorado com meus alunos. Mas como dizem, sou um chato “legal” e engraçado, pois sou irônico e, ao mesmo tempo, confiável, adoro dar conselhos. Há, contudo, quem me ache prepotente e arrogante. Talvez, mas faço o possível para não sê-lo. Meu sonho mesmo é ser um professor como o senhor Keating, de Sociedade dos Poetas Mortos.

 

26 – Aliás, sou chato, radical e mal-humorado em quase tudo: meu senso de humor é muito diferente dos demais. Odeio comédias românticas, pastelão ou toscas. Humor negro é tudo o de que gosto, nessa linha. E com o já citado e detestado politicamente correto em voga, os meus dias de sorrisos cada vez mais estão contados.

 

27 – Minha linha política é antidireita. Ponto. Não sou comunista ou socialista, estou mais na crença de uma sociedade utópica, em que todos se respeitem e façam tudo uns pelos outros, sem exploração do trabalho. Uma espécie de Canudos adaptada aos dias modernos, misturada com a Sociedade Alternativa de Raul Seixas. Mas não deixo de gostar de algum amigo direitista. As amizades estão acima de princípios políticos, a meu ver.

 

28 – Já fui detido para averiguações pela polícia sobre meu comportamento rebelde, fui perseguido em uma passeata (escapei entrando na Concha Acústica da UFC) e tive meu nome citado como “perigoso insubordinado” numa ficha dos resquícios da pós-ditadura em plenos anos 80, na UFC. Eu? Sinto-me orgulhoso! KKK

 

29 – Falando nisso, fiz, com muito orgulho, Letras. Amo esse curso. Comecei-o na UFC e na UECE, ao mesmo tempo (na época podia). Ainda passei no vestibular de Direito pra UNIFOR, mas só prestei esse curso porque não havia Letras lá, à época. Depois de um ano abandonei a Estadual e fiquei na UFC, onde passei alguns dos melhores anos de minha vida. Colaborei efetiva e empolgadamente em dois grupos literários da Universidade: O Coiote e a Academia da Incerteza. Ainda participei de saraus, fui palestrante ao lado de meus mestres, puxei campanha de voto nulo para o Diretório Estudantil e fundei, ao lado de duas colegas, uma chapa anarquista para o Centro Acadêmico de meu curso, a CHAPATAL, que tinha propostas irônicas como uma Secretaria de Transferência para alunos que estavam no curso, mas não o desejavam. Pior: teve gente que acreditou. Tivemos uns 70 votos. Repetimos a dose na eleição seguinte com a CHAPATAL II – A MISSÃO, que teve mais de 200 votos de incautos desgostosos da vida e despertou a ira contida das chapas oficiais.

 

30 – Já dei muitas gafes na vida e, como dizem alguns amigos, ainda por cima, certas coisas só acontecem comigo, como uma patética e adolescente tentativa de suicídio quando de uma desilusão amorosa, por volta dos dezessete anos. Joguei-me numa curva, na esquina bifurcada da Praça Coração de Jesus, para um ônibus passar por cima. O coletivo dobrou para o outro lado. Só um detalhe: apenas uma linha dobrava pra lá, justo aquela do ônibus “escolhido” (não olhei para o nome). Quando abri os olhos e esperei encontrar o céu (ou não), vejo um círculo de cabeças humanas me olhando intrigadas. Levanto-me, bato a poeira da roupa e saio resmungando: “Essa p… de vida. Imprestável, nem morrer você sabe”.

 

31 – Sempre fui gordo. Exceto quando fui atleta (bem razoável) de handball por três anos, no Ensino Médio. Depois de estourar os joelhos e não operá-los (hoje pago por isso), troquei a bola pelo copo e deu no que deu. Hoje, minhas competições se resumem a xadrez (desde os 5 anos) e jogos de tabuleiro como War, Detetive etc. Futebol? Sempre entendi mais do que joguei. Seria um bom técnico. Aliás, uma de minhas profissões frustradas seria comentarista esportivo.

 

32 – Quando o assunto é Arte, sou radical em alguns aspectos. Detesto a conversa fiada de “Gosto não se discute”. Tanto se discute, que existe a Estética. Acho normal alguém dizer que não gosta de algo, mesmo aquilo tendo qualidade. Desde que admita. Ou gostar de algo que não tenha qualidade, desde que reconheça. Eu, por exemplo, reconheço o valor qualitativo extraordinário da Bosta Nova (assim, mesmo com “T”), mas não a suporto, como se vê. Ou o jazz. E gosto de coisas toscas como alguns punk rocks de três acordes. Gostar não quer dizer falar que é bom. Mas tem de saber se posicionar. É indesculpável alguém defender um estilo artístico ruim em nome de sua popularidade ou do ridículo “gosto não se discute”.

 

33 – Ainda quanto à Arte, sou Ocidental, Urbano, Antiquado e Excêntrico. Portanto, cultura oriental, rural, moderna ou muito enaltecida podem ter meu respeito e reconhecimento, mas jamais ocupam estantes favoritas minhas. E ainda digo abertamente que são chatas. Porque são. Bom mesmo é Literatura do século XIX, filme de Terror B (daqueles que você vê até os fios de morcego passando na tela, mas as histórias eram boas e os atores melhores ainda), rock contestador ou depressivo (gótico/pós-punk) e com massa sonora porrada, de preferência.

 

34 – Não sou muito fã de air guitar, mas de air bass. Aliás, depois que me aposentar, pretendo aprender baixo e montar minha própria banda. Antes, participei de dois projetos rápidos: na adolescência, uma “titânica” (éramos 9 membros!!) banda chamada Ultraleve, de colegas de bairro. Já depois dos 40, outra, com quase todos os integrantes professores: a Segunda chamada”. A primeira durou duas apresentações; a segunda, três ensaios. Em ambos fui vocalista.

 

35 – Muita coisa na minha vida começou depois dos 40:  o primeiro voo de avião, o abandono dos óculos de grau por cirurgia (usava fundo de garrafa desde os 6, pela mania de ler no escuro, quando faltava energia), minhas três tatuagens (ainda pretendo fazer mais duas). Como pode se ver, sou um adolescente, só meu corpo ainda não acredita nisso.

 

36 – Não tenho medo algum de morrer. Apenas da dor. Se eu morrer dormindo, será uma bênção generosa de Deus. Mas não importa quando.

 

 

 

 

 

14 DE JUNHO DE 2016

 

 

 

 

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