Ouviram de Brasília as falas flácidas
De um povo besta a mudez revoltante,
E o fim da liberdade, em raios pútridos,
Entra no céu da pátria por um instante.
“Pra que toda essa igualdade
Se podemos dominar com braço forte?
Em teu seio, ó falsidade,
Sugarei o meu sustento até a morte!

Ó mi’a cambada,
Idolatrada,
Salve! Salve!”

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
O amor e a esperança por terra descem,
Se teus galantes réus, risonhos mímicos,
As próprias falcatruas recrudescem.
“Corruptos pela própria natureza,
Somos maus e vis, roubamos um colosso,
E a impunidade aumenta essa grandeza.

Terra adorada,
Eu roubo mil,
E tu, Brasil,
Que não faz nada…
Dos párias deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!”

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Diante de tuas perdas tão profundas,
Aceitas, ó povão, bundão da América,
Calado, as reformas tão imundas!
Pra que terra mais sofrida?
Teus risonhos, lindos campos, mais tratores;
“Nossos bosques têm mais grana,
Derruba tudo e aumenta meus valores.

Ó mi’a cambada,
Idolatrada,
Salve! salve!”

 

“Brasil, que o roubo eterno seja símbolo
De minha conta que só tenho aumentado,
E diga o tucaninho dessa flâmula
– Patrão é futuro, se dane o empregado!”
Mas, se um dia a justiça chegar forte,
Verás que um ladrão só foge à luta,
Nem tema, ele te joga à própria sorte.

Terra quebrada,
Desperta, viu,
Ó tu, Brasil,

Pátria roubada!
Ei, filhos, deixem de ser mãe gentil,
Façam algo,
Brasil!

 

07 de setembro de 2017

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